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Desperdício de alimentos: principais causas e prejuízos

Descubra as principais causas e impactos do desperdício de alimentos em nossa sociedade. Este guia abrangente explora desde a produção até o consumo!
disperdicio de alimentos

Você sabia que 33% de todos os alimentos que são produzidos no mundo são desperdiçados? Uma grande parte dos alimentos é perdida antes mesmo de serem comercializados, enquanto a outra grande parte é desperdiçada no lixo das casas. 

Restos de alimentos, cascas, sementes, talos e folhas, enfim, todos os alimentos ou subprodutos de receitas podem ser aproveitados, entretanto, esse processo ainda não é muito comum, o que faz com que no Brasil, por exemplo, cada pessoa jogue no lixo 41,6 quilos de alimentos por ano.

Entenda mais sobre o desperdício de alimentos e o seu prejuízo para o mundo.

O que é desperdício de alimentos?

O Ministério da Agricultura e Pecuária e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) utilizam a expressão “perda e desperdício de alimentos (PDA)” para definir tudo que é descartado desde o processo de produção ao consumo.

Com isso, a perda de alimentos trata-se da diminuição da quantidade de alimentos que é disposto no processo de produção, ou seja, tudo que envolve as etapas de produção, armazenamento, embalagem e transporte. O principal fator de interferência para essas perdas são as decisões voltadas às qualidades dos produtos.

Isso significa que as escolhas dos produtores quanto ao que ele considera um alimento apto ou não para o comércio descartam alguns alimentos, gerando assim algumas perdas. Falta de planejamento, produção em excesso, má qualidade no transporte e armazenamento também são questões que influenciam, já que esses fatores podem estragar os alimentos.

Na outra ponta, o desperdício de alimento trata-se da parte de varejo e consumo dos alimentos, quando há a seleção dos alimentos viáveis ou não para a venda e a utilização completa ou não nas receitas em bares, restaurantes e nas próprias comidas feitas em casa.

Os alimentos mais desperdiçados pelos brasileiros são:

  • Arroz, com 22% do total
  • Carne bovina, com 20%
  • Feijão, com 16%
  • Frango, com 15%
  • Hortaliças, com 4%
  • Frutas, com 4%

Quais são as principais causas do desperdício de alimentos?

De acordo com a FAO, 54% do desperdício de alimentos no mundo começa com as perdas nas fases iniciais de produção, enquanto os outros 46% são provocados durante a fase de comércio e consumo. Esses números infelizmente contribuem para um índice elevado de insegurança alimentar e alterações climáticas. 

São aproximadamente 870 milhões de pessoas passando fome no mundo, sendo que 70 milhões estão localizadas no Brasil. E falando no nosso país, por ano, são desperdiçados 27 milhões de toneladas de alimentos e 80% dessa perda também vem do início da cadeia de produção.

Desperdício de alimentos no mundo

Os números elevados da quantidade de alimentos desperdiçados colocam o Brasil em 10º lugar no ranking de países que mais desperdiçam alimentos no mundo. Calcula-se que os 33% desperdiçados na produção contabilizam 1,5 bilhão de toneladas de alimentos jogados fora anualmente.

Somente a Europa desperdiça cerca de 222 milhões de toneladas por ano, o que seria o equivalente a toda a cadeia de produção de alimentos da África subsaariana. Em regiões em que as colheitas são menos sofisticadas, grande parte das perdas acontecem no manuseio e no transporte de alimentos.

Com isso, dados do Instituto de Engenharia Mecânica mostram, por exemplo, que o Leste Asiático tem uma perda de 37% a 80% na produção de arroz, enquanto na Índia, cerca de 20 milhões de toneladas de trigo são desperdiçadas por causa do mau sistema de abastecimento e distribuição do país. 

No Brasil, 10% do que é perdido na produção de alimentos acontece durante a colheita e durante o transporte e armazenamento esse número pode chegar a 30%. Das 140 milhões de toneladas de alimentos produzidos por ano no país, 26 milhões são jogados no lixo.

Durante o processo de varejo e consumo, o índice de desperdício pode chegar a 50%. Um estudo da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) apontou que a principal causa desses desperdícios, principalmente no início da cadeia de produção, é o fato das pessoas sempre quererem um alimento em perfeito estado. 

De maneira geral, durante a produção os fatores que implicam para o desperdício são as pragas, as chuvas, tempestades, o mal armazenamento e transporte que podem estragar a colheita e acarretar em uma perda considerável. Mas dentro das casas, o desperdício acontece por não aproveitar os alimentos integralmente ou por esquecimento de consumi-los. 

Países desenvolvidos

Enquanto nos países subdesenvolvidos o desperdício se dá em grande parte pela falta de experiência e tecnologia para o manuseio e armazenamento dos alimentos, nos países desenvolvidos o que mais gera desperdício é a questão da aparência dos alimentos. 

Existe uma grande quantidade de pessoas que se recusa a comprar e consumir alimentos com aparência abatida ou com pequenos machucados. Esse fato ainda ocasiona os próprios varejistas a recusarem dos fornecedores alimentos com aparências menos saudáveis.

Um exemplo desse fato é o Reino Unido que rejeita cerca de 30% da sua produção por não atingir as exigências estéticas da população. Ainda, aqueles que chegam a ser vendidos posteriormente são descartados, gerando um montante de 7 milhões de toneladas, uma perda também de dez milhões de libras. 

Dentro das casas dos britânicos o desperdício ainda pode chegar a oito refeições por família a cada semana, ou cerca de 74 kg. Nos Estados Unidos, o custo do desperdício de comida por uma família é superior a US$1,5 mil por ano.

Um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) mostrou que países da América do Norte, Oceania, Europa, e alguns industrializados da Ásia, como China, Japão e Coreia do Sul, são responsáveis por mais da metade de toda a comida desperdiçada no mundo.

Desmatamento

O desperdício de alimentos ainda é um fator preocupante para o meio ambiente, já que para a produção são emitidos 10% de gases efeito estufa que, em última instância são jogados fora. Dados da ONU ainda mostram que a água que é utilizada para a produção desses alimentos que são descartados seria o suficiente para encher 70 milhões de piscinas olímpicas.

Também é importante ressaltar que o desperdício de alimentos está ligado ao desmatamento, uma vez que os fornecedores são as agroindústrias. De acordo com a FAO, cada fase da logística de produção agrícola incrementa o custo ambiental da produção. Assim, quanto maior o volume de alimentos perdidos na cadeia produtiva, maiores serão as consequências negativas para o planeta.

Isso significa ainda um enorme esforço de utilização de agrotóxicos, água, terras, fertilizantes, desmatamento, transporte, gastos de energia e petróleo para a produção de máquinas e combustíveis empregados em todos os processos da agropecuária sendo utilizados em vão. A perda da produção significa uma nova remessa ainda mais agressiva, o que novamente fere o meio ambiente.

Aumenta a demanda por transporte

Imagine fazer todo um trajeto de carro ou ônibus em vão? Você programou toda a sua viagem e chegou no dia errado, ou ela foi cancelada e não te avisaram. Você teria que fazer toda a logística novamente para ir no dia correto e o que já foi gasto no trajeto, foi em vão. 

É isso que também acontece quando há o desperdício de alimentos, todo o processo precisa ser feito do começo, gastando mais e mais insumos para entregar em um prazo curto, por exemplo. No caso dos transportes, se torna ainda mais prejudicial o fato da utilização dos combustíveis fósseis e a emissão dos gases efeito estufa.

Com uma produção maior para suprir os prejuízos das perdas também é necessário uma frota maior de veículos para o transporte até os varejistas. Há então uma perda na efetividade de transporte, logística, economia, e claro, ambiental.

Consumo de energia e de combustíveis fósseis

É importante ressaltar que o desperdício de alimentos também influencia para a escassez de recursos naturais, uma vez que quanto mais se perde ou desperdiça, mais é necessário gastar para produzir mais. Todo tipo de energia e combustível utilizado acaba sendo desperdiçado também.

A falta de planejamento e atraso de produção e entrega também pode gerar desperdícios e consumos exagerados de energia e combustíveis fósseis. Quando há o desperdício, o consumo desses recursos é ainda maior, o que torna-se prejudicial.

Quais são as consequências do desperdício de alimentos?

As consequências do desperdício de alimentos são inúmeras, desde escassez de recursos naturais a prejuízos econômicos e sociais. É importante dizer que a insegurança alimentar é uma dessas consequências e no Brasil existem mais de 70 milhões de pessoas nesta situação. Estima-se que a quantidade de alimentos desperdiçados no mundo poderia alimentar cerca de 112 milhões de pessoas por ano.

O contraditório é que os brasileiros são um público engajado na luta contra o desperdício de alimentos, sendo que 96% se preocupam com o problema, mas a mesma população tem um dos maiores índices de desperdício no mundo, sendo que, por dia, cada um chega a jogar fora cerca de meio quilo de alimento.

São cerca de 40 mil toneladas de alimentos sendo descartadas de forma desnecessária todos os dias no Brasil. E isso acontece por falta de planejamento tanto nos supermercados quanto dentro de casa, uma vez que o esquecimento, por exemplo, pode fazer com que os produtos vençam ou estraguem.

Prejuízos econômicos

Para além do social, as consequências do desperdício de alimentos vêm em prejuízos econômicos para todas as instâncias da sociedade. A lógica é a mesma: quanto mais produtos são jogados fora, mais caros eles ficam. Colocando em cifras, o impacto econômico mundial do desperdício de alimentos pode chegar a 940 bilhões de dólares por ano.

O desperdício ainda gera um descontrole em toda a roda de produção e comércio, já que o que está sendo produzido não está sendo consumido, mas sim jogado fora. Imagine todo o dinheiro investido no plantio, transporte e comercialização sendo jogados fora? Isso sem contar que esses alimentos poderiam ser reaproveitados de alguma forma.

Em valores relacionados somente aos custos econômicos, ou seja, voltados para a produção, o valor das perdas pode chegar a 1 trilhão de dólares, cerca de 1,3 bilhão de alimentos que deixaram de ser consumidos. Isso porque os prejuízos econômicos do plantio acontecem antes de chegar à comercialização, então o produtor já começa perdendo.

Dados mostram que se somarmos os custos econômicos, ambientais e sociais, a estimativa total do desperdício de alimento gira em torno de 2,6 trilhões de dólares por ano, o que equivale ao PIB do Reino Unido, quinta maior economia do mundo.

No Brasil, estima-se que 25% da renda das famílias vá para alimentação. Vamos aos cálculos: em uma família de cinco pessoas, com renda mensal de R$ 6.130,00 (aproximadamente um salário mínimo por pessoa), o gasto de alimentação é de R$ 1.532,50. Agora, se considerarmos que a média mundial de desperdício de uma família é de 30%, essa família gastou R$ 459,75 com alimentos que, no final das contas, foram parar no lixo.

Quais são os impactos ambientais do desperdício de alimentos?

Do ponto de vista ambiental, as perdas começam já no plantio, já que quando uma produção é perdida, é necessário expandir e assim, novas áreas são degradadas pela agricultura para começar novas plantações. Fora que os recursos naturais são escassos e finitos, e nesse caso eles estão sendo gastos em vão.

De outro lado, as terras mais férteis são as terras com mais biodiversidade, o problema é que para a plantação, é necessário retirar as plantas nativas, o que empobrece as terras, aumentando a quantidade de agrotóxico que são colocados para o desenvolvimento das plantações.

Agora pense: a cadeia de produção de alimentos necessita de água, terra, adubos minerais, pesticidas, energia elétrica e combustíveis fósseis. Se você descartar o que você comprou, você joga fora junto com eles todos esses materiais que custaram recursos financeiros e ambientais.

Para a produção, por exemplo, a agropecuária é responsável por utilizar 70% da água doce disponível no Brasil. Agora imagine isso tudo indo para o ralo? Os adubos utilizados também são feitos de minerais finitos, como o fósforo e o potássio, eles não são renováveis e em algum momento vão acabar. 

Na outra ponta, do consumidor, existe o aumento da quantidade de resíduos sólidos descartados que, em sua maioria, cerca de 60%, é composto por resíduos orgânicos. De acordo a ONU, estima-se que entre 8 e 10% das emissões globais de gases de efeito estufa estão associadas a alimentos que não são consumidos, já que eles vão para aterros sanitários ou lixões.

A destinação, além dos gases efeito estufa, podem gerar chorume, poluindo o solo, os rios e todo o ambiente em volta. Os resíduos que ficam sem tratamento ainda são responsáveis pela emissão do gás metano que pode ser 25 vezes mais prejudicial que o gás carbônico.

Vale dizer que essas emissões de gases efeito estufa contribuem para as mudanças climáticas, acarretando em eventos climáticos extremos, como pudemos ver no Brasil as ondas de calor extremo e as tempestades que destruíram cidades e acarretaram fatalidades.

Como evitar o desperdício de alimentos?

Evitar o desperdício de alimentos é muito fácil! Há diversos jeitos, desde reaproveitar as partes dos alimentos, até a destinação correta deles. O importante é não jogar fora. Além disso, existe algo primordial tanto para os produtores quanto para os consumidores: o planejamento.

Quando planejamos e estudamos as condições ambientais de onde será feito o plantio, ou a quantidade de alimentos que será gasto para um jantar, reduzimos custos e desperdícios. Uma planilha ou um caderno nesses momentos podem ser seus melhores amigos.

Voltado para a produção, procedimentos inadequados de manipulação, insuficiência na gestão da rede de fornecedores, falhas em processos de inspeção e erros de armazenagem dos produtos podem prejudicar a fabricação, portanto são pontos que merecem atenção especial para a indústria.

Com isso, padronizar processos, manter uma referência de qualidade, organizar o estoque e manter um controle, acompanhar a produção para identificar falhas e gargalos, verificar os equipamentos constantemente, manter cursos para atualização dos funcionários e investir em tecnologias podem otimizar a produção e evitar perdas desnecessárias.

Para os varejistas, o indicado é não descartar os alimentos fora do padrão, como frutas, verduras e legumes com pequenos machucados ou com formatos diferentes. O ideal é vender esses alimentos com valores um pouco menores, pois eles ainda podem ser consumidos.

Nós consumidores podemos mudar e incrementar alguns hábitos que vão evitar o desperdício e economizar os custos. Isso porque, se comprarmos esses alimentos fora do padrão, por exemplo, estaremos consumindo os mesmos nutrientes que os convencionais e ainda economizando dinheiro para investir em outra coisa.

Outra dica é investir em alimentos produzidos na sua região, já que eles têm menos perdas de transporte até chegarem às lojas. Também é possível formar grupos de consumo com outras pessoas. Isso vale principalmente para quem mora sozinho e compra poucas coisas, assim evite comprar grandes quantidades e perder.

Da mesma forma, existem várias receitas que utilizam as hortaliças de forma integral. As cascas, talos e folhas podem se tornar novos alimentos para o dia seguinte, ou pode se tornar insumo para uma composteira. O adubo formado pode ser utilizado depois em vasos e hortas ou pode ser até vendido para outras pessoas.

Mas o mais importante contra o desperdício de alimentos, mais uma vez, é o planejamento. Bares, restaurantes e até mesmo em casa, precisam ter em mente as medidas e quantidades que geralmente são gastas para evitar o desperdício. Aquela famosa frase “é melhor sobrar do que faltar” somente vale se os alimentos puderem ser reaproveitados depois.

Então, use sua criatividade para criar novas receitas a partir de alimentos prontos que sobraram, utilize as partes não convencionais dos alimentos e aprenda a economizar para investir em outras coisas. O desperdício de alimentos não tem vantagens, então vamos nos conscientizar para evitar esse problema.

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