No dia 17 de julho, as food techs Vida Veg, NotCo, NUDE e Positive Company criaram a associação Base Planta com objetivo inicial de redução dos impostos da categoria plant based, o que tornará o produto mais acessível ao consumidor final.
Segundo Álvaro Gazolla, Fundador e Diretor Comercial da Vida Veg, o lançamento da associação já impactou positivamente a sociedade:
Os consumidores também entenderam e reforçaram a necessidade da redução dos tributos, visto que estas marcas contribuem muito para impacto positivo ambiental e com a necessidade que o mercado tem de produtos ‘limpos’ para pessoas intolerantes, alérgicas, veganas, etc.
Líderes do segmento no país
A Vida Veg foi fundada em 2015 e é líder nacional em produtos fresh plant based. Está presente em mais de 6 mil pontos de venda em todo o Brasil. Na sua lista de produtos estão leites, manteigas e iogurtes vegetais. A NotCo é de origem Chilena e atua hoje em 12 países, com mais de 2 mil pontos de venda no país. A NUDE é uma food tech brasileira e vem desenvolvendo alimentos a partir da aveia. Já a Positive Company foi criada em Fortaleza há cinco anos e é dona de marcas como A tal da Castanha, Possible e Plant Power.
Produtos X Dieta
Os produtos chamados de Plant Based são formulados unicamente por matérias-primas de origem vegetal e buscam espelhar características de produtos de origem animal existentes. São alimentos que se assemelham em cheiro, cor, sabor e textura, além de possuírem valor nutricional equivalente ou, em alguns casos, até mesmo superior aos alimentos de origem animal.
Já aderir a uma Dieta Plant Based (Whole Food Plant-Based Diet – WFBD) significa manter uma dieta rica em vegetais, com baixa ingestão de gordura e evitar o consumo de alimentos de origem animal. O conceito surgiu em meados de 1980, pelo Dr. Colin Campbell, bioquímico nutricional da Cornell University (EUA). Em outras palavras, uma dieta menos industrializada e mais natural que traz benefícios que vão além de uma possível mudança no sabor e menor ingestão energética.
A dieta plant-based pode ser considerada saudável uma vez que os alimentos não processados se destacam pelo maior aporte de nutrientes e compostos bioativos. Sendo assim, possuem mais antioxidantes e ação anti-inflamatória, destaca Marcella Garcez, médica nutróloga e diretora da ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia) em matéria para o UOL.
Tributação desigual
Os produtos de origem animal seguem, ainda hoje, com uma tributação diferenciada dos demais para incentivar seu consumo. “Esses produtos de origem animal que vão para cesta básica tem alíquota zero de PIS e CONFINS, além de ter um IVA muito mais baixo comparado aos nossos produtos de origem vegetal”, revela o fundador da Vida Veg, Álvaro Gazolla.
Com a redução, a associação busca um aumento na competitividade e consequente aceleração do segmento.
Cenário mundial
De acordo com o relatório da Bloomberg intelligence (bi), a projeção do mercado de alimentos plant-based pode representar até 7,7% do mercado global de proteínas até 2030, com um valor de mais de 162 bilhões de dólares.
Isso porque consumo desse tipo de alimentos aumentou nos últimos anos. A pesquisa “O Consumidor Brasileiro e o Mercado Plant-Based 2022”, realizada pelo The Good Food Institute Brasil (GFI Brasil), mostra que 67% dos brasileiros diminuíram o seu consumo de carne.
Segundo o relatório, as vendas globais em dólares de carne à base de plantas cresceram 8% em 2022, para US$ 6,1 bilhões. Já as vendas de leite vegetal cresceram 6%, para US$ 19,1 bilhões. Apresentado pela primeira vez nos dados do Euromonitor, o iogurte vegetal cresceu 11%, para US$ 1,7 bilhão.
América Latina e Brasil
Na América Latina, o crescimento das vendas foi de 36% para carnes feitas de plantas e de 17% para leites vegetais, o que representa, respectivamente, US$ 271 milhões e US$ 980 milhões em vendas no varejo.
No Brasil, o aumento do preço da carne foi o que levou 45% dos brasileiros ao consumo de proteínas alternativas. No entanto, o relatório mostra que para outros 36%, essa redução foi motivada por questões relacionadas à saúde, como melhorar a digestão, reduzir o colesterol ou perder peso.
Quando somadas à preocupação com os animais, o meio ambiente, influência de familiares, motivos religiosos e espirituais, o número sobe para além da metade (52%) dos brasileiros que reduziram o consumo de carne por escolha própria.
Base Planta e os desafios para 2023
Álvaro Gazolla conta que, nos últimos anos, houve uma evolução da qualidade sensorial dos produtos, assim como da qualidade nutricional. Além disso, ocorreu o aumento do número de marcas do setor plant based no Brasil o que resultou na conscientização do varejo da necessidade desses produtos nos pontos de venda.
“Colocamos este ano um pleito para buscar igualdade de ICMS comparado com os produtos de origem animal e no ano que vem buscar a questão do PIS e CONFINS”, revela ele.
Álvaro afirma ainda que as Food techs contam com o apoio da sociedade, governo e outras marcas para unirem forças em prol de divulgar ainda mais a nova forma de consumo.
É importante lembrar o quanto nossas marcas ajudam sustentavelmente o planeta, contribuem para saúde, logo a necessidade de ter pelo menos uma tributação igualitária aos de origem animal, encoraja.
Um chamado à população
Todo gasto de dinheiro pode ser considerado um investimento em uma área da vida ou empresa. Pessoas escolhem fazer parte de um movimento de diversas formas, uma delas é através da escolha da marca que compram ou tipo de produtos que escolhem adquirir. Sempre que possível, a escolha dos alimentos pode ser uma forma de financiar um movimento de consumo consciente.
“A população consegue nos ajudar fazendo barulho sobre a necessidade desses produtos com valores mais acessíveis, que só será possível através da diminuição da tributação”, alerta Álvaro.
Ele conta que separadamente, as empresas que fazem parte da Base Planta continuam com o trabalho de levar informação ao público, mitigar os impactos no meio ambiente através de ações sustentáveis e aumentar a força da associação.