Em um dos verões mais quentes já registrados nos Estados Unidos, mais de 50 milhões de pessoas permanecem sob alerta de calor intenso, que afeta sobretudo o sudoeste americano, com vários recordes de temperaturas extremas sendo quebrados.
O clima quente e seco na região provocou uma onda de incêndios florestais. Califórnia e Nevada estão lutando contra um grande incêndio que está descontrolado, com chamas chegando a 6 metros de altura, segundo a Associated Press. Em outro foco de fogo, um incêndio iniciado no estado de Washington se espalhou para o Canadá, forçando os moradores da cidade de Osoyoos, na Colúmbia Britânica, a sair de suas casas.
O dia 30 de julho, marcou o 31º dia consecutivo de calor extremo em Phoenix, Arizona, com as temperaturas atingindo pelo menos 43,3ºC, conforme o The Guardian. O recorde anterior era de 18 dias em junho de 1974. Os médicos da região relataram um aumento nos casos de queimaduras de até terceiro grau por contato com superfícies – em alguns casos, em pessoas que já estavam passando mal pelo calor e caíram no chão.
O calor nos EUA também afeta os oceanos, com as águas esquentando a níveis sem precedentes. Isso foi observado na Bacia do Caribe e no Golfo do México, com a temperatura da água na superfície chegando a 37,7ºC na costa da Flórida.
O fenômeno ameaça os já frágeis ecossistemas da vida marinha, principalmente os recifes de coral. As condições causam o branqueamento dos corais e, em muitos casos, a morte dos organismos ali instalados.
Este é definitivamente o pior evento de branqueamento que a Flórida já viu, disse Andrew Baker ao Washington Post, ele é diretor do Coral Reef Futures Lab da Universidade de Miami.
Medidas do governo
Em meio a níveis recordes de calor, Joe Biden anunciou na semana passada novas medidas para proteger os trabalhadores americanos contra a “ameaça existencial da mudança climática” e o calor extremo. Ele instruiu o Departamento do Trabalho a aumentar as inspeções de locais de trabalho mais sensíveis ao calor, como fazendas e canteiros de obras, e pediu maior fiscalização desses e outros ambientes de trabalho que não garantam condições adequadas de alívio do calor aos funcionários.
O departamento ainda emitirá alertas notificando empregadores e funcionários sobre maneiras de se proteger do calor extremo, que matou 436 trabalhadores desde 2011, segundo estatísticas federais.
O governo Biden também planeja gastar US$ 7 milhões para desenvolver previsões meteorológicas mais detalhadas para antecipar fenômenos como ondas de calor, além de US$ 152 milhões para aumentar a infraestrutura de água potável e a resiliência climática na Califórnia, Colorado e Washington.
Especialistas dizem que as medidas são um passo na direção certa, mas não o suficiente. Pois, apesar delas, Biden não chegou a declarar uma emergência climática ou abordar diretamente a necessidade de eliminar gradualmente os combustíveis fósseis que aquecem o planeta.
Quatro senadores democratas – Bernie Sanders, Ed Markey, Jeff Merkley e Elizabeth Warren – enviaram uma carta ao procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, instando-o a abrir processos contra a indústria de combustíveis fósseis por uma “campanha de longa data e cuidadosamente coordenada” para enganar o público sobre as mudanças climáticas.
“A indústria de combustíveis fósseis tem evidências científicas sobre os perigos da mudança climática e o papel que a queima de combustíveis fósseis desempenha no aumento das temperaturas globais há mais de 50 anos”, dizem os senadores.
“Apesar do conhecimento dessas empresas sobre a mudança climática e o papel que sua indústria estava desempenhando no aumento das emissões de carbono, elas optaram por participar de uma campanha de desinformação cuidadosamente coordenada para ofuscar a ciência climática e convencer o público de que os combustíveis fósseis não são o principal motor da mudança climática”.
Esse artigo foi originalmente escrito por Um Só Planeta. Leia o original.