Na contramão da seca de dinheiro que assola startups no mundo todo, projetos que envolvem remoção, captura e estoque de carbono captaram, só nos últimos 12 meses, mais de US$ 500 milhões, ou R$ 2,4 bi. Estão ainda nesta conta, projetos que trazem novas tecnologias para indústrias intensivas em emissões e créditos de carbono. É o que mostra um levantamento recente realizado pelo Crunchbase, base de dados de venture capital e startups.
Na lista, foram incluídas 43 iniciativas ao redor do globo, com financiamento em seis continentes. A maioria delas está nos chamados estágios seed e early, em que os negócios ainda estão em um momento pré-receita ou desenvolveram apenas o piloto. Com dois terços tendo entrado para a base do Crunchbase nos últimos quatro anos, os projetos ainda são novos e precisam ganhar escala – o que abre espaço para novas rodadas de captação.
A brasileira Mombak, de remoção de carbono pelo reflorestamento da Amazônia, está entre as listadas. A startup acaba de ter uma participação minoritária comprada pela gestora de investimentos da seguradora francesa Axa, que também se comprometeu a injetar US$ 49 milhões nos projetos.
Por trás do grande fluxo de recursos para esses negócios nascentes, está a constatação de que para manter o aumento da temperatura global em 1,5ºC até o fim do século, não bastará reduzir as emissões de gás carbônico, será preciso removê-lo da atmosfera, segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) da ONU.
Está em curso uma corrida para o desenvolvimento de soluções, tanto aquelas baseadas na natureza quanto as tecnológicas, que enfrentam desafios de desenvolvimento e de escalabilidade.
As mesmas 43 empresas do levantamento já conseguiram mais de US$ 1,25 bi num horizonte de tempo maior, desde a sua fundação. A canadense Svante foi a que levantou o maior volume de recursos até agora, mais de US$ 470 milhões. A empresa desenvolve filtros e maquinários que capturam e removem CO2 emitidos em indústrias e no ar.
Ainda nessa linha, estão Lithos Carbon, que desenvolve tecnologia para captura de carbono em fazendas, e a Ebb Carbon, que trabalha em um processo eletroquímico pela desacidificação oceânica que captura CO2 da atmosfera.
Em julho deste ano, a canadense CarbonCure Technologies, que desenvolve tecnologia para injetar CO2 em concreto, levantou US$ 80 milhões em uma rodada liderada pelo investidor suíço de impacto Blue Earth Capital. Essa foi a captação mais volumosa do ano entre soluções voltadas para ‘cimento limpo’ – que, juntas, levantaram até agora cerca de US$ 436 milhões em equity, de acordo com o Crunchbase News.
Algumas semanas antes, a londrina Supercritical embolsou US$ 13 milhões em uma rodada de série A para o marketplace de créditos de remoção de carbono que opera, e a Charm Industrial, de São Francisco, recebeu US$ 100 milhões na série B para sua tecnologia de converter biomassa em uma concentração estável e rica em carbono.
Esse artigo foi originalmente escrito por Ilana Cardial, do Reset. Leia o original.