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Votação histórica decide exploração de petróleo na Amazônia

Em plebiscito, quase 60% da população do Equador votou por interromper produção em área na Amazônia com povos indígenas e rica biodiversidade
Exploração de petróleo no equador

Os equatorianos foram às urnas neste domingo (20) para escolher um novo presidente, mas também para ganhar voz nas políticas ambientais de seu país, em meio a um pleito marcado por violência política. Trata-se do plebiscito sobre o destino do “Bloco 43”, um grupo de campos de exploração de petróleo localizados no Parque Nacional Yasuni, uma das áreas ambientais mais ricas do mundo.

Jacaré no Parque Nacional Yasuni
Parque Nacional Yasuni. Foto: Getty Images via BBC

O Yasuni cobre mais de 1 milhão de hectares e abriga pelo menos 2 mil espécies de árvores e arbustos, 204 espécies de mamíferos, 610 espécies de pássaros, 121 espécies de répteis, 150 espécies de anfíbios e 250 espécies de peixes.

É também o lar de várias populações indígenas — incluindo pelo menos duas das últimas tribos “isoladas” do mundo — aqueles que voluntariamente recusaram a interação com o mundo exterior.

Fim da exploração de Petróleo

Em plebiscito, população do Equador decidiu acabar com a exploração de petróleo no Parque Nacional Yasuní, na Amazônia. Com 98% das urnas apuradas, a consulta popular sobre o fim da atividade teve 59% de votos “sim” contra 41% “não”, numa decisão considerada histórica e comemorada pelos ambientalistas.

Parque Nacional Yasuni
Foto: BBC

“O povo equatoriano, atento à vida, em solidariedade aos nossos irmãos e irmãs isolados Tagaeri, Taromenane e Dugakaeri, disse “Sim a Yasuní” neste referendo de 20 de agosto. Salvamos seu território, suas vidas, sua soberania alimentar e seus remédios na floresta sagrada Yasuní”, festejou Leonardo Iza, presidente da Conaie (Confederación de Nacionalidades Indígenas del Ecuador).

A decisão faz do Equador o primeiro país do mundo a banir por plebiscito a exploração de combustíveis fósseis numa zona ambientalmente sensível.

Repercussão no Brasil

No Brasil, onde parte do governo Lula, políticos dos estados amazônicos e grupos empresariais vêm tentando abrir uma nova fronteira de óleo e gás na Foz do Amazonas, a decisão equatoriana teve imediata repercussão. “Histórica decisão do Equador de parar a exploração de Petróleo em área protegida. Que inspire todos os países na Amazônia e decisões similares venham sem a a necessidade de plebiscito”, comentou o coordenador do MapBiomas, Tasso Azevedo.

Os ambientalistas equatorianos esperam que a decisão comece a ser cumprida imediatamente, com a progressiva interrupção da exploração de petróleo no parque. De acordo com a decisão do Tribunal Constitucional que aprovou o plebiscito, o Estado tem um ano para desmantelar as instalações. Entretanto, segundo a Petroecuador, este prazo é impossível de ser cumprido devido aos protocolos que devem ser aplicados. As lideranças indígenas pediram apoio internacional para a preservação do parque e dos territórios após a decisão .

“Neste pedacinho de território no coração da Amazônia, podemos encontrar soluções para os problemas que mais afetam a humanidade. A ciência tem mostrado que os territórios mais protegidos na luta contra as mudanças climáticas são os territórios indígenas. Por isso convidamos a comunidade internacional a dar uma mão, de forma solidária e sensível, para proteger os territórios que equilibram a vida da Mãe Natureza, que salvam espécies e também a humanidade”, lembrou o presidente do Conaie.

Desde 1989, o Parque Nacional Yasuní – na província de Napo, no norte do Equador, na Amazônia – desempenha um papel crucial no combate às mudanças climáticas, ajudando a capturar o dióxido de carbono (CO2) da atmosfera. Yasuní é considerado reserva da biosfera mundial pela Unesco. De acordo com a organização, a Reserva da Biosfera Yasun é uma das áreas com maior biodiversidade por metro quadrado do planeta. 99,73% da reserva da biosfera é constituída por vegetação natural original.

“Esperamos que o governo brasileiro se mire no exemplo equatoriano e decida fazer a única coisa compatível com um futuro para a humanidade e com a liderança que o Brasil quer ter na luta contra a crise climática: deixar o petróleo da Foz do Amazonas no subsolo e apoiar, quando assumir a presidência do G20, no mês que vem, um pacto global pela eliminação gradual de todos os combustíveis fósseis”, disse Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.

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Votação

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Montagem iG / Imagens: Wikimedia Commons e reprodução/Instagram

Na manhã desta segunda-feira (21), com 92% das urnas apuradas, a candidata Luisa González tinha 33,3% dos votos, enquanto Daniel Noboa alcançava 23,6%. Christian Zurita, substituto do candidato assassinado Fernando Villavicencio, obteve 16,5%.

Sendo assim, o país regressa à campanha com a disputa entre Luisa González e Daniel Noboa. O segundo turno está marcado para o dia 15 de outubro. No Equador, o segundo turno ocorre quando nenhum candidato alcança 40% dos votos e 10% a mais do que o segundo colocado.

Esse artigo foi composto por informações de matérias escritas pela por BBC e por Oscar Valporto para o Projeto Colabora.

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