Uma nova estratégia está sendo implementada para lidar com o problema do lixo flutuante na Prainha da Ilha do Fundão, localizada na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro.
O Projeto Orla Sem Lixo instalou recentemente uma barreira experimental nessa área costeira, buscando encontrar uma solução sustentável para o resíduo flutuante presente em regiões oceânicas e costeiras adjacentes. Essa iniciativa visa promover a troca de conhecimento entre os pesquisadores envolvidos e a comunidade pesqueira local.
Após a instalação da barreira, que possui 200 metros de extensão e foi construída com materiais doados pela empresa Huesker, a equipe responsável pelo projeto e seus parceiros realizaram um mutirão de limpeza na área monitorada.
Essa limpeza, embora breve, representou um marco simbólico na recuperação dessa parte da praia, de acordo com Susana Vinzon, coordenadora do projeto Orla Sem Lixo e professora da Escola Politécnica da UFRJ.
O objetivo principal do Projeto Orla Sem Lixo é desenvolver uma solução de baixo custo para a interceptação e o gerenciamento contínuo do lixo flutuante na Baía de Guanabara.
Para isso, são utilizados conceitos como soluções baseadas na natureza, economia circular, envolvimento comunitário, geração de emprego e renda, além da transformação do lixo em recursos para retornar à cadeia produtiva.
Segundo Vinzon, o projeto não se resume apenas ao desenvolvimento de uma tecnologia, mas também busca criar oportunidades de recuperação para os ambientes e ecossistemas afetados, gerando benefícios para as comunidades locais.
A equipe do projeto está empenhada em compreender como a barreira, sujeita às influências das marés, dos ventos e das correntes, pode trabalhar em conjunto para uma gestão mais eficiente do lixo flutuante.
Além disso, o projeto visa desenvolver e aplicar indicadores objetivos para medir o volume e a massa de lixo flutuante coletado, bem como os benefícios alcançados em termos ambientais, sociais e econômicos com a sua remoção.
No curto prazo, o foco do projeto é proteger e restaurar áreas específicas, como a área piloto na Ilha do Fundão. Em um horizonte mais amplo, pretende-se estabelecer um modelo permanente que gere emprego e renda direcionados à comunidade pesqueira.
Projeto Orla Sem Lixo
O Projeto Orla Sem Lixo ganhou destaque durante o Camp Oceano de 2021, um evento realizado no formato de Teia de Soluções pela Fundação Grupo Boticário. Essa iniciativa tinha como objetivo estimular a criação conjunta de projetos voltados para a sustentabilidade dos oceanos em todo o Brasil.
O Orla Sem Lixo foi escolhido para receber apoio financeiro devido à sua proposta inovadora de reduzir a poluição e os incidentes ambientais no mar.
Com a participação de aproximadamente 90 pesquisadores e parcerias com o Instituto Estadual do Ambiente (INEA), a Prefeitura Universitária da UFRJ e empresas, o projeto planeja construir uma base de apoio para os pescadores da Prainha e um Centro de Recebimento, Triagem e Orientação do lixo flutuante até 2026.
Baía de Guanabara
A Baía de Guanabara, a segunda maior do Brasil, possui uma significativa importância econômica, social, turística e de lazer. No entanto, enfrenta desafios como o despejo diário de quase 100 toneladas de lixo, além de problemas de esgoto e plástico.
A região abriga campos universitários, empresas e áreas de lazer, além de uma reserva de Mata Atlântica, apresentando potencial turístico e industrial que pode ser ameaçado sem estratégias adequadas de conservação.